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Sou jovem português e pergunto: é normal masturbar-me a sós?

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Tempo de leitura: 11 minutos

Sou jovem português e pergunto: é normal masturbar-me a sós?

Sim, é normal. Completamente normal. Masturbar-te a sós é uma parte natural da descoberta do teu corpo, do teu prazer e da tua sexualidade.

Sim, é normal. Completamente normal. Masturbar-te a sós é uma parte natural da descoberta do teu corpo, do teu prazer e da tua sexualidade.

Não estás a fazer nada de errado, estranho ou doentio. Estás apenas a viver algo que milhões de jovens em Portugal, e no mundo, também vivem.

Não és o/a único/a. Raparigas, rapazes, pessoas não binárias, com 13, 15 ou 18 anos… a verdade é que quase toda a gente já se tocou. A diferença está em quem fala disso com naturalidade e quem ainda vive preso ao medo, à culpa ou à vergonha.

E não, não há problema nenhum nisso. A masturbação, quando feita com respeito por ti próprio/a, é uma forma saudável de conheceres o teu corpo, libertares stress e começares a entender o que te dá prazer, o que vai ser útil até para futuras relações.

Por que deves ler este artigo até ao fim? Porque vais perceber:

  • Que tipo de masturbação é saudável (e quando pode não ser);
  • Se há limites, riscos ou exageros a evitar;
  • Como lidar com sentimentos de culpa ou vergonha;
  • O que acontece com o corpo e a mente durante (e depois) do prazer a sós;
  • Como falar disto sem tabus — com amigos, parceiro/a ou até contigo mesmo.

1. Toda a gente se toca? Ou sou só eu?

Olha, vamos começar logo com a verdade: sim, é super comum os jovens em Portugal masturbarem-se. Não és uma exceção, nem estás a fazer nada de estranho.

A masturbação é uma coisa que milhares de pessoas fazem, todos os dias, muitas vezes sem falarem sobre isso porque ainda há quem ache que é tabu, pecado ou coisa feia. Spoiler: não é.

Se és rapaz, as probabilidades de te teres começado a tocar ainda antes dos 15 anos são altíssimas. E se és rapariga, talvez tenhas começado mais tarde, ou estejas agora a descobrir o teu corpo.

Mas o que importa é isto: há um monte de gente da tua idade a fazer exatamente o mesmo. Não é sujo, não é doentio, é normal e saudável.

Mais de 80% dos rapazes e 60% das raparigas já se masturbaram antes dos 18 anos.

Mas por que é que tanta gente se masturba?

Porque é bom. Simples assim. A masturbação ajuda-te a:

  • Conhecer melhor o teu corpo;
  • Perceber o que te dá prazer;
  • Reduzir stress e ansiedade;
  • Dormir melhor;
  • E até aliviar cólicas ou dores de cabeça.

E a cereja no topo do pastel de nata? É segura. Não engravidas, não apanhas doenças, não faz mal ao coração nem à vista (sim, há quem acredite nisso ainda).

Ok, mas e se os meus amigos dizem que não se tocam?

Olha, há duas hipóteses: ou são muito tímidos… ou estão a mentir. Muita gente finge que não faz, para parecer pura ou forte, como se masturbar-se fosse sinal de fraqueza.

Mas na verdade, a maioria está só a proteger-se da gozação ou do julgamento. E tu não tens de seguir essa onda. O teu corpo é teu, e o que tu fazes com ele, a sós, é problema teu e de mais ninguém.

Na próxima parte, vamos responder àquela dúvida que todos têm mas poucos perguntam: “Quantas vezes é que é normal? E posso estar a exagerar?“.


2. Quantas vezes é normal tocar-me?

A pergunta que não quer calar: “estou a exagerar?” ou “será que estou a bater o recorde nacional de punhetas?“. Calma, respira. Não há uma tabela oficial com o número de vezes correto para te masturbares por semana.

Cada pessoa é diferente. O que conta como normal é o que te faz sentir bem e não atrapalha a tua vida.

Para alguns, uma vez por semana está ótimo. Para outros, pode ser todos os dias ou até mais do que uma vez por dia. E sabes o quê? Está tudo bem.

O que diz a ciência?

Os especialistas dizem que:

FrequênciaÉ normal?
1x por semanaSim
3–5x por semanaSuper normal
1x por diaTranquilo
+2x por diaSe não atrapalhar nada na tua vida

Ou seja, não há um número mágico. Se te masturbas e depois vais à escola, estudas, dormes bem, sais com amigos, está tudo controlado. Mas se começares a:

  • Faltar às aulas por causa disso;
  • Deixar de fazer atividades que gostas;
  • Sentir culpa ou ansiedade constante.

Então, talvez estejas a usar a masturbação como fuga. E aí convém parar, refletir e, se precisares, falar com alguém de confiança ou profissional.

Durante a adolescência, o corpo está cheio de hormonas aos saltos. A vontade de se masturbar pode aumentar bastante, e depois estabiliza com o tempo. Não é uma fase má. É só… biologia.

Então posso continuar?

Podes. Desde que:

  • Te sintas bem contigo próprio(a);
  • Não faças mal a ninguém;
  • E não atrapalhes a tua rotina.

Tocar-se sozinho, no seu canto, com privacidade e respeito por si próprio, é mais do que normal: é saudável.


3. Masturbar-me afetará a minha vida sexual futura?

É normal ter esse medo: “Se me masturbo agora, será que depois não vou gostar de fazer sexo com outra pessoa?” ou “E se eu me habituar ao meu jeito e depois ninguém me consegue satisfazer?

A resposta curta é: não, não vai dar barraca, desde que estejas atento/a a alguns detalhes. A masturbação, quando vivida com naturalidade, melhora a tua vida sexual no futuro, e não o contrário.

O que a masturbação pode trazer de bom?

Aqui vão algumas vantagens reais:

  • Conhecimento do teu corpo: Saberes o que gostas ajuda-te a explicar ao/à parceiro/a no futuro.
  • Confiança sexual: Quanto mais à vontade estiveres com o teu corpo, menos ansiedade vais sentir com outra pessoa.
  • Resistência: Em muitos casos, quem se masturba com frequência aprende a controlar melhor o tempo de ejaculação ou excitação.
  • Menos pressão: Se não dependeres do outro para ter prazer, a relação fica mais leve e sem aquela urgência.

Casais onde ambos se masturbam (mesmo depois de estarem juntos) têm mais satisfação sexual. A masturbação não substitui o sexo a dois, complementa.

Mas… há riscos?

Sim, se te habituares a certos padrões de prazer muito específicos, pode ser difícil no início ajustares-te a outra pessoa. Exemplos:

  • Usar demasiada força ou sempre a mesma técnica.
  • Ver pornografia em excesso e criar expectativas irreais.
  • Depender apenas do toque rápido, sem explorar o corpo com calma.

Solução? Variedade. Experimenta diferentes formas de te tocar. Usa a tua imaginação, e não só vídeos. Dá espaço para a tua sensibilidade se adaptar. Isso ajuda imenso quando fores partilhar esse momento com alguém.

Conclusão bem direta

Masturbação não estraga nada. Só ajuda — desde que tu saibas o que estás a fazer e estejas atento/a ao equilíbrio. Aliás, quem se conhece bem, geralmente é melhor parceiro/a.


4. Estou a fazer isto porque quero… ou porque estou em baixo?

Às vezes, nem sempre é fácil saber por que razão nos masturbamos. Pode ser porque temos desejo, porque nos apetece sentir prazer… ou porque estamos nervosos, stressados, aborrecidos ou até tristes. E sim, isso acontece com muita gente.

A masturbação saudável é como comer um chocolate de vez em quando: sabe bem, dá prazer, e não faz mal nenhum. Mas se começas a comer chocolate sempre que estás ansioso, sozinho ou sem nada para fazer, já não é só prazer: é fuga. O mesmo acontece com o sexo a sós.

Então, como sei se é saudável ou não?

Faz esta lista contigo próprio(a):

  • Sinto-me “obrigado(a)” a fazer mesmo sem vontade?
  • Sinto-me bem depois, sem culpa?
  • Não atrapalha a escola ou o trabalho?
  • Tenho controlo sobre quando e onde o faço?
  • Uso para fugir de problemas ou tristeza?

Se respondeste “sim” à maioria das primeiras e “não” às últimas, estás de boa. Mas se for o contrário, talvez precises de parar um pouco e pensar no que te está a levar a fazer isso tantas vezes.

A masturbação como companhia emocional

Muita gente masturba-se quando se sente sozinha. E isso não é errado. Mas é importante perceber se estás a lidar com a solidão… ou apenas a escondê-la.

Se estiveres triste, frustrado(a) ou com medo de não seres “suficiente” para alguém. Isso não se resolve só com prazer físico.

Fala com amigos, procura ajuda se precisares. Masturbar-se não tem de ser um escape constante, pode ser um presente, não uma bengala.

E por falar em sentimentos: Na próxima parte, vamos abordar aquela coisa chata que aparece depois do prazer… a culpa: “É normal sentir vergonha ou arrependimento depois de me masturbar?


5. Usar objetos ou brinquedos sexuais é seguro?

Vamos ser francos: às vezes o dedo já não chega, a imaginação quer mais, e lá vem a curiosidade sobre brinquedos sexuais: vibradores, plugs, anéis penianos, tudo o que se encontra em sex shops ou online.

E a resposta é clara: sim, é seguro usares brinquedos sexuais, desde que tenhas alguns cuidados básicos. Não há nada de errado em explorar o prazer com objetos. O corpo é teu, o prazer também. O importante é saber como usar, com quê, e quando.

Dicas de segurança que valem ouro

  1. Higiene em primeiro lugar
    Lava sempre o brinquedo antes e depois de usar (água morna e sabão neutro, ou um produto próprio). Se for partilhado com outra pessoa, usa preservativo no brinquedo.
  2. Escolhe materiais seguros
    Prefere brinquedos feitos com: silicone médico, vidro temperado, aço inoxidável. Evita brinquedos muito baratos com cheiro forte ou plásticos duvidosos, podem conter produtos tóxicos como ftalatos.
  3. Usa lubrificante (e escolhe bem)
    Com brinquedos de silicone, usa lubrificante à base de água (não à base de silicone, senão estraga o brinquedo). Para o ânus, lubrificação é ainda mais importante!
  4. Atenção ao que NÃO é brinquedo
    Usar escovas, vegetais, frascos ou objetos improvisados pode ser perigoso. Regra de ouro: Se não tem base ou pega, pode entrar… e não voltar. O hospital não é parque de diversões.

Em Portugal, a venda de brinquedos sexuais é legal, e muitos sites portugueses têm entregas discretas e apoio ao cliente com respeito total. Podes explorar com segurança e sem vergonha.

Brincar com consciência é liberdade

Usar brinquedos sexuais não te torna pervertido/a, viciado/a nem “menos puro/a“. Só mostra que queres conhecer o teu corpo de forma saudável, divertida e segura. Seja a sós ou com alguém, o importante é:

  • Consentimento;
  • Segurança;
  • Prazer.

Perguntas frequentes

  1. Masturbar-me todos os dias faz mal?
    Não. Desde que não te cause dor, nem te impeça de viver a tua vida normalmente, está tudo bem.
  2. É normal começar a masturbar-me com 12, 14 ou 16 anos?
    Sim. Cada corpo tem o seu ritmo. Há quem comece mais cedo, quem comece mais tarde. Não há idade certa nem errada.
  3. Posso ficar viciado em masturbação?
    Só se deixares que ela controle a tua vida. Se não consegues parar mesmo quando queres, é bom procurar ajuda.
  4. Masturbação afeta o crescimento ou a voz?
    Não. Isso são mitos antigos. Não interfere com a tua altura, barba, seios ou puberdade.
  5. Pode causar acne, cegueira ou fazer cair o cabelo?
    Claro que não. São mitos completos, sem qualquer base científica. A pele até pode melhorar com menos stress.
  6. Vou perder a sensibilidade se me masturbar muito?
    Só se usares sempre a mesma pressão forte ou técnica. Variedade ajuda a manter tudo equilibrado.
  7. É pecado masturbar-me?
    Depende da tua crença. Mas do ponto de vista da saúde e bem-estar: não é pecado cuidar do teu corpo e conhecer o teu prazer.
  8. A masturbação substitui o sexo com outra pessoa?
    Não. É diferente. A masturbação é contigo, o sexo com outra pessoa é partilhado — mas os dois podem coexistir.
  9. Masturbar-me vai estragar o futuro com um/a parceiro/a?
    Não. Se for feita com equilíbrio, ajuda-te a saber o que gostas, o que melhora a relação a dois.
  10. É preciso ter vergonha?
    Não. Nunca. O corpo é teu, o prazer é teu, e ninguém tem nada a ver com isso.

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