Sim, é normal. Completamente normal. Masturbar-te a sós é uma parte natural da descoberta do teu corpo, do teu prazer e da tua sexualidade.
Não estás a fazer nada de errado, estranho ou doentio. Estás apenas a viver algo que milhões de jovens em Portugal, e no mundo, também vivem.
Não és o/a único/a. Raparigas, rapazes, pessoas não binárias, com 13, 15 ou 18 anos… a verdade é que quase toda a gente já se tocou. A diferença está em quem fala disso com naturalidade e quem ainda vive preso ao medo, à culpa ou à vergonha.
E não, não há problema nenhum nisso. A masturbação, quando feita com respeito por ti próprio/a, é uma forma saudável de conheceres o teu corpo, libertares stress e começares a entender o que te dá prazer, o que vai ser útil até para futuras relações.
Por que deves ler este artigo até ao fim? Porque vais perceber:
- Que tipo de masturbação é saudável (e quando pode não ser);
- Se há limites, riscos ou exageros a evitar;
- Como lidar com sentimentos de culpa ou vergonha;
- O que acontece com o corpo e a mente durante (e depois) do prazer a sós;
- Como falar disto sem tabus — com amigos, parceiro/a ou até contigo mesmo.
1. Toda a gente se toca? Ou sou só eu?
Olha, vamos começar logo com a verdade: sim, é super comum os jovens em Portugal masturbarem-se. Não és uma exceção, nem estás a fazer nada de estranho.
A masturbação é uma coisa que milhares de pessoas fazem, todos os dias, muitas vezes sem falarem sobre isso porque ainda há quem ache que é tabu, pecado ou coisa feia. Spoiler: não é.
Se és rapaz, as probabilidades de te teres começado a tocar ainda antes dos 15 anos são altíssimas. E se és rapariga, talvez tenhas começado mais tarde, ou estejas agora a descobrir o teu corpo.
Mas o que importa é isto: há um monte de gente da tua idade a fazer exatamente o mesmo. Não é sujo, não é doentio, é normal e saudável.
Mais de 80% dos rapazes e 60% das raparigas já se masturbaram antes dos 18 anos.
Mas por que é que tanta gente se masturba?
Porque é bom. Simples assim. A masturbação ajuda-te a:
- Conhecer melhor o teu corpo;
- Perceber o que te dá prazer;
- Reduzir stress e ansiedade;
- Dormir melhor;
- E até aliviar cólicas ou dores de cabeça.
E a cereja no topo do pastel de nata? É segura. Não engravidas, não apanhas doenças, não faz mal ao coração nem à vista (sim, há quem acredite nisso ainda).
Ok, mas e se os meus amigos dizem que não se tocam?
Olha, há duas hipóteses: ou são muito tímidos… ou estão a mentir. Muita gente finge que não faz, para parecer pura ou forte, como se masturbar-se fosse sinal de fraqueza.
Mas na verdade, a maioria está só a proteger-se da gozação ou do julgamento. E tu não tens de seguir essa onda. O teu corpo é teu, e o que tu fazes com ele, a sós, é problema teu e de mais ninguém.
Na próxima parte, vamos responder àquela dúvida que todos têm mas poucos perguntam: “Quantas vezes é que é normal? E posso estar a exagerar?“.
2. Quantas vezes é normal tocar-me?
A pergunta que não quer calar: “estou a exagerar?” ou “será que estou a bater o recorde nacional de punhetas?“. Calma, respira. Não há uma tabela oficial com o número de vezes correto para te masturbares por semana.
Cada pessoa é diferente. O que conta como normal é o que te faz sentir bem e não atrapalha a tua vida.
Para alguns, uma vez por semana está ótimo. Para outros, pode ser todos os dias ou até mais do que uma vez por dia. E sabes o quê? Está tudo bem.
Em alta entre os leitores:
- Tipos de sexualidade: descobre qual combina contigo e porquê
- Não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual
- Como a sexualidade no envelhecimento se manifesta ou modifica?
- Porque é que a homossexualidade é tão mal compreendida?
- Sexo anal no marido: será que ele vai virar gay?
O que diz a ciência?
Os especialistas dizem que:
| Frequência | É normal? |
|---|---|
| 1x por semana | Sim |
| 3–5x por semana | Super normal |
| 1x por dia | Tranquilo |
| +2x por dia | Se não atrapalhar nada na tua vida |
Ou seja, não há um número mágico. Se te masturbas e depois vais à escola, estudas, dormes bem, sais com amigos, está tudo controlado. Mas se começares a:
- Faltar às aulas por causa disso;
- Deixar de fazer atividades que gostas;
- Sentir culpa ou ansiedade constante.
Então, talvez estejas a usar a masturbação como fuga. E aí convém parar, refletir e, se precisares, falar com alguém de confiança ou profissional.
Durante a adolescência, o corpo está cheio de hormonas aos saltos. A vontade de se masturbar pode aumentar bastante, e depois estabiliza com o tempo. Não é uma fase má. É só… biologia.
Então posso continuar?
Podes. Desde que:
- Te sintas bem contigo próprio(a);
- Não faças mal a ninguém;
- E não atrapalhes a tua rotina.
Tocar-se sozinho, no seu canto, com privacidade e respeito por si próprio, é mais do que normal: é saudável.
3. Masturbar-me afetará a minha vida sexual futura?
É normal ter esse medo: “Se me masturbo agora, será que depois não vou gostar de fazer sexo com outra pessoa?” ou “E se eu me habituar ao meu jeito e depois ninguém me consegue satisfazer?“
A resposta curta é: não, não vai dar barraca, desde que estejas atento/a a alguns detalhes. A masturbação, quando vivida com naturalidade, melhora a tua vida sexual no futuro, e não o contrário.
O que a masturbação pode trazer de bom?
Aqui vão algumas vantagens reais:
- Conhecimento do teu corpo: Saberes o que gostas ajuda-te a explicar ao/à parceiro/a no futuro.
- Confiança sexual: Quanto mais à vontade estiveres com o teu corpo, menos ansiedade vais sentir com outra pessoa.
- Resistência: Em muitos casos, quem se masturba com frequência aprende a controlar melhor o tempo de ejaculação ou excitação.
- Menos pressão: Se não dependeres do outro para ter prazer, a relação fica mais leve e sem aquela urgência.
Casais onde ambos se masturbam (mesmo depois de estarem juntos) têm mais satisfação sexual. A masturbação não substitui o sexo a dois, complementa.
Mas… há riscos?
Sim, se te habituares a certos padrões de prazer muito específicos, pode ser difícil no início ajustares-te a outra pessoa. Exemplos:
- Usar demasiada força ou sempre a mesma técnica.
- Ver pornografia em excesso e criar expectativas irreais.
- Depender apenas do toque rápido, sem explorar o corpo com calma.
Solução? Variedade. Experimenta diferentes formas de te tocar. Usa a tua imaginação, e não só vídeos. Dá espaço para a tua sensibilidade se adaptar. Isso ajuda imenso quando fores partilhar esse momento com alguém.
Conclusão bem direta
Masturbação não estraga nada. Só ajuda — desde que tu saibas o que estás a fazer e estejas atento/a ao equilíbrio. Aliás, quem se conhece bem, geralmente é melhor parceiro/a.
4. Estou a fazer isto porque quero… ou porque estou em baixo?
Às vezes, nem sempre é fácil saber por que razão nos masturbamos. Pode ser porque temos desejo, porque nos apetece sentir prazer… ou porque estamos nervosos, stressados, aborrecidos ou até tristes. E sim, isso acontece com muita gente.
A masturbação saudável é como comer um chocolate de vez em quando: sabe bem, dá prazer, e não faz mal nenhum. Mas se começas a comer chocolate sempre que estás ansioso, sozinho ou sem nada para fazer, já não é só prazer: é fuga. O mesmo acontece com o sexo a sós.
Então, como sei se é saudável ou não?
Faz esta lista contigo próprio(a):
- Sinto-me “obrigado(a)” a fazer mesmo sem vontade?
- Sinto-me bem depois, sem culpa?
- Não atrapalha a escola ou o trabalho?
- Tenho controlo sobre quando e onde o faço?
- Uso para fugir de problemas ou tristeza?
Se respondeste “sim” à maioria das primeiras e “não” às últimas, estás de boa. Mas se for o contrário, talvez precises de parar um pouco e pensar no que te está a levar a fazer isso tantas vezes.
A masturbação como companhia emocional
Muita gente masturba-se quando se sente sozinha. E isso não é errado. Mas é importante perceber se estás a lidar com a solidão… ou apenas a escondê-la.
Se estiveres triste, frustrado(a) ou com medo de não seres “suficiente” para alguém. Isso não se resolve só com prazer físico.
Fala com amigos, procura ajuda se precisares. Masturbar-se não tem de ser um escape constante, pode ser um presente, não uma bengala.
E por falar em sentimentos: Na próxima parte, vamos abordar aquela coisa chata que aparece depois do prazer… a culpa: “É normal sentir vergonha ou arrependimento depois de me masturbar?“
5. Usar objetos ou brinquedos sexuais é seguro?
Vamos ser francos: às vezes o dedo já não chega, a imaginação quer mais, e lá vem a curiosidade sobre brinquedos sexuais: vibradores, plugs, anéis penianos, tudo o que se encontra em sex shops ou online.
E a resposta é clara: sim, é seguro usares brinquedos sexuais, desde que tenhas alguns cuidados básicos. Não há nada de errado em explorar o prazer com objetos. O corpo é teu, o prazer também. O importante é saber como usar, com quê, e quando.
Dicas de segurança que valem ouro
- Higiene em primeiro lugar
Lava sempre o brinquedo antes e depois de usar (água morna e sabão neutro, ou um produto próprio). Se for partilhado com outra pessoa, usa preservativo no brinquedo. - Escolhe materiais seguros
Prefere brinquedos feitos com: silicone médico, vidro temperado, aço inoxidável. Evita brinquedos muito baratos com cheiro forte ou plásticos duvidosos, podem conter produtos tóxicos como ftalatos. - Usa lubrificante (e escolhe bem)
Com brinquedos de silicone, usa lubrificante à base de água (não à base de silicone, senão estraga o brinquedo). Para o ânus, lubrificação é ainda mais importante! - Atenção ao que NÃO é brinquedo
Usar escovas, vegetais, frascos ou objetos improvisados pode ser perigoso. Regra de ouro: Se não tem base ou pega, pode entrar… e não voltar. O hospital não é parque de diversões.
Em Portugal, a venda de brinquedos sexuais é legal, e muitos sites portugueses têm entregas discretas e apoio ao cliente com respeito total. Podes explorar com segurança e sem vergonha.
Brincar com consciência é liberdade
Usar brinquedos sexuais não te torna pervertido/a, viciado/a nem “menos puro/a“. Só mostra que queres conhecer o teu corpo de forma saudável, divertida e segura. Seja a sós ou com alguém, o importante é:
- Consentimento;
- Segurança;
- Prazer.
Perguntas frequentes
- Masturbar-me todos os dias faz mal?
Não. Desde que não te cause dor, nem te impeça de viver a tua vida normalmente, está tudo bem. - É normal começar a masturbar-me com 12, 14 ou 16 anos?
Sim. Cada corpo tem o seu ritmo. Há quem comece mais cedo, quem comece mais tarde. Não há idade certa nem errada. - Posso ficar viciado em masturbação?
Só se deixares que ela controle a tua vida. Se não consegues parar mesmo quando queres, é bom procurar ajuda. - Masturbação afeta o crescimento ou a voz?
Não. Isso são mitos antigos. Não interfere com a tua altura, barba, seios ou puberdade. - Pode causar acne, cegueira ou fazer cair o cabelo?
Claro que não. São mitos completos, sem qualquer base científica. A pele até pode melhorar com menos stress. - Vou perder a sensibilidade se me masturbar muito?
Só se usares sempre a mesma pressão forte ou técnica. Variedade ajuda a manter tudo equilibrado. - É pecado masturbar-me?
Depende da tua crença. Mas do ponto de vista da saúde e bem-estar: não é pecado cuidar do teu corpo e conhecer o teu prazer. - A masturbação substitui o sexo com outra pessoa?
Não. É diferente. A masturbação é contigo, o sexo com outra pessoa é partilhado — mas os dois podem coexistir. - Masturbar-me vai estragar o futuro com um/a parceiro/a?
Não. Se for feita com equilíbrio, ajuda-te a saber o que gostas, o que melhora a relação a dois. - É preciso ter vergonha?
Não. Nunca. O corpo é teu, o prazer é teu, e ninguém tem nada a ver com isso.

Deixe um comentário