Não, não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual. A orientação bissexual baseia-se na atração, romântica, sexual ou emocional, por mais de um género, e não nas relações que já tiveste ou deixaste de ter.
Sentires-te bissexual é o suficiente para seres bissexual. Ninguém precisa de testar todos os sabores do gelado para saber quais gosta, certo?
Cheguei a esta resposta depois de ouvir muitas histórias de pessoas bissexuais em Portugal, algumas jovens, outras com mais idade, que sempre souberam quem eram, mas sentiam-se obrigadas a provar a sua identidade.
Para resolver este problema de uma vez por todas, precisamos desconstruir a ideia errada de que a orientação só é válida com prática.
O caminho é através da informação, empatia e aceitação. E isso começa por educar a nós próprios, aos amigos e às famílias sobre o que realmente significa ser bissexual.
Não se trata de quem já se beijou com quem, mas de quem se é por dentro. Ao leres este artigo até ao fim, vais perceber:
- Por que a tua identidade é válida mesmo sem provas;
- Como libertar-te da pressão de ter que justificar quem és;
- Que não estás sozinho, muitas pessoas passam pelo mesmo;
- E como isto pode melhorar a tua saúde mental e confiança.
1. É preciso ter experiência?
Ser bissexual não tem nada a ver com coleccionar cromos de pessoas para validar o que se sente. Se uma pessoa sente atração por mais do que um género, pronto, já está. É bissexual.
Não precisa de andar com alguém do mesmo género e depois com alguém do outro para ter o carimbo oficial.
Isto não é um jogo de pontos, é sobre aquilo que mexe connosco cá dentro e isso, meus amigos, não se mede por experiência sexual ou romântica.
Isto faz sentido porque a orientação sexual é uma questão de atração, e não de currículo amoroso. Por exemplo, tu não precisas de ir viver na América para saber que queres muito ir lá. Basta sentires vontade, imaginares, pesquisares… e já sabes que é um lugar que te atrai.
Com a bissexualidade é igual. A pessoa sente desejo ou interesse por mais de um género, e isso já é mais do que suficiente. Ninguém tem de “provar nada a ninguém“.
É como alguém heterossexual que nunca teve um namorado, mas sabe que gosta do sexo oposto: não há ninguém a duvidar, pois não?
Diferenças entre atração e experiência:
| Conceito | Significado |
|---|---|
| Atração | É o que sentimos: interesse, desejo, vontade. |
| Experiência | É o que fazemos na prática: estar com alguém, beijar, namorar, etc. |
| Identidade | Como nos vemos: o nome que damos ao que sentimos. |
| Validação social | Aceitação dos outros: que muitas vezes vem com exigências injustas. |
Numa sociedade como a portuguesa, com raízes católicas fortes e ainda marcada por ideias antigas sobre sexualidade, muitas pessoas não têm sequer oportunidade de experimentar certas coisas. Isso não significa que não sintam.
Negar a identidade bissexual com base na falta de experiência é uma maneira disfarçada de apagar essas pessoas, o que só aumenta o estigma.
Aliás, se te interessa este assunto, deves mesmo dar uma olhada neste artigo: Não! A orientação sexual não é uma escolha e nem uma fase. Vais perceber ainda melhor porque é que o que sentes é válido, mesmo sem provas.
2. Validação da identidade deve ser autónoma e pessoal
A identidade bissexual não precisa de ser validada por terceiros nem baseada em experiências concretas: o que importa é o que a pessoa sente, e isso é totalmente pessoal e autónomo.
Em alta entre os leitores:
Pedir a alguém que comprove a sua bissexualidade através de actos é algo pesado e injusto.
Cada um tem o direito de se conhecer, de se definir, sem pressão exterior. Não é necessário provar nada a ninguém, basta sentir o que sente.
Você sabia:
- Que em muitas comunidades escolares, estudantes bissexuais sentem-se obrigados a justificar a sua identidade?
- Que esse tipo de pressão aumenta o stress e a ansiedade, especialmente entre jovens?
- Que não obrigam um heterossexual a provar que gosta de pessoas do sexo oposto?
- Que o combate contra a bifobia começa quando aceitamos ser quem somos, sem necessidade de provas?”
A orientação sexual é uma dimensão do nosso eu interior, não um dever social a cumprir. Tal como ninguém precisa de provar que gosta de chocolate para se dizer chocólatra, ninguém deve ser obrigado a provar que sente atração por mais do que um género.
A validação deve vir de dentro, não de julgamentos externos.
3. A pressão por provar a bissexualidade é bifóbica
Não, não tens de provar a tua bissexualidade com experiências: a pressão para apresentar provas, tipo “já andaste com os dois géneros, né?“, é pura bifobia, e não tem nada a ver com o que realmente importa, que é o que tu sentes.
A exigência de prova concreta vem da ignorância e originou muita frustração e tristeza.
A orientação sexual é interna e ninguém te deve obrigar a viver conforme expectativas alheias.
Aqui fica uma lista bem simples, à portuguesa, para perceberes:
- Sentir atração é suficiente:não precisas de demonstrá-la.
- Provas exigidas ferem a tua confiança: é pressão desnecessária.
- Isso é um reflexo de bifobia: porque nem aos heterossexuais exigem provas!
- Ninguém precisa provar ser quem é: como acontece com outras orientações.
O que tu sentes é verdadeiro, então a identidade é válida e ponto final. A existência de orientações não-monogéneas é legítima, e ninguém deve ditar como viver isso.
4. A bissexualidade existe em qualquer momento da vida
Sim, a bissexualidade pode existir e continuar a existir em qualquer fase da vida. Estás com alguém do mesmo género? És bissexual. Estás com alguém de género diferente? És bissexual na mesma.
O facto de estares numa relação não muda aquilo que sentes por outras pessoas.
A ideia de que a bissexualidade desaparece consoante a relação onde estás é um grande disparate, mas ainda muito comum em Portugal, sobretudo entre os mais velhos.
Há quem ache que, ao entrares numa relação heterossexual, “já passaste a ser hetero“, ou se estás com alguém do mesmo género, “agora és homo“. Tretas!, como se diz na nossa terra.
A bissexualidade é sobre quem tu ama ou sente atração, não apenas com quem estás naquele momento.
| Situação Atual | Continua a ser bissexual? |
|---|---|
| Numa relação com pessoa do sexo oposto | Sim |
| Numa relação com pessoa do mesmo sexo | Sim |
| Sem estar em relação com ninguém | Sim |
| Casado há 20 anos com um só parceiro | Sim |
Só porque estás a comer gelado de morango agora, não deixaste de gostar de chocolate ou baunilha. Tu continuas a ser quem és, independentemente da tua escolha do momento.
5. Reconhecimento da identidade fortalece a saúde mental
Sim, reconhecer e aceitar a bissexualidade melhora (e muito!) a saúde mental. Quando uma pessoa bissexual se sente válida e respeitada, mesmo sem ter tido experiências com todos os géneros, ela fica mais segura, mais leve e mais feliz.
A pressão para encaixar numa caixinha rígida, típica da nossa sociedade portuguesa ainda muito marcada por valores conservadores, pode criar ansiedade, culpa e confusão.
O simples facto de poder dizer “sou bissexual, mesmo que nunca tenha estado com alguém do mesmo sexo” já dá um alívio tremendo.
Este reconhecimento é um acto de amor-próprio e proteção emocional. E olha que em tempos como os de agora, onde a saúde mental está nas ruas da amargura, esse amor faz toda a diferença!
Você sabia:
- Que pessoas bissexuais têm maior risco de desenvolver depressão quando sentem que não são levadas a sério?
- Que o reconhecimento da identidade é um dos principais fatores de proteção emocional em jovens LGBTQIA+?
- Que muitos adultos bissexuais em Portugal cresceram sem uma única referência positiva?
- Que ser tu próprio reduz o stress e melhora a qualidade do sono?
A lógica aqui é tão simples como um pastel de nata bem quentinho: quando tu és aceite, tu relaxas. E quando relaxas, o corpo e a mente funcionam melhor.
Negar ou esconder a identidade só gera desgaste. Então, reconhecer que és bissexual, sem pressões, nem exigências, é dar à tua cabeça o descanso que ela merece. Afinal, ninguém vive bem com medo constante de não ser quem é.
Claro! Aqui tens uma Seção de Perguntas Frequentes (FAQ) com 15 perguntas e respostas, todas centradas no tema “Não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual”. Usei linguagem acessível, mantendo um tom informal e ligeiramente jocoso, como combinado:
Perguntas frequentes
- Preciso ter estado com homens e mulheres para ser bissexual?
Não! Basta sentires atração por mais de um género. Não precisas de ter feito nada com ninguém para saberes quem te atrai. - E se nunca tive nenhuma relação amorosa?
Também não tem problema. A bissexualidade é sobre atração e não sobre experiências concretas. Podes ser bissexual mesmo sem nunca ter namorado. - Então, posso ser bissexual só por sentir atração?
Claro que sim! Sentires vontade ou desejo já é o suficiente. A orientação vive dentro de ti, não depende de ter acontecido algo fora. - E se só tive experiências com o sexo oposto?
Continuas a ser bissexual, se sentes atração por mais do que um género. A tua história passada não apaga o que tu sentes agora. - Mas não é preciso provar?
Não tens que provar nada a ninguém. A tua identidade é tua. Quem exige provas está a agir com bifobia, mesmo que não perceba. - Então porque é que tantas pessoas não acreditam?
Porque há muito preconceito e falta de informação. As pessoas confundem identidade com comportamento, e são coisas diferentes. - Se nunca me apaixonei por uma pessoa do mesmo sexo, ainda assim posso ser bissexual?
Sim! Amor e desejo não têm que ter acontecido ainda para serem válidos. Basta a possibilidade e a abertura emocional. - E se só me relacionei com um género por medo ou falta de oportunidade?
Aí está ainda mais razão para não usares o passado como medida. Em Portugal, por exemplo, muita gente esconde a orientação por causa da família, religião ou o trabalho. - E se um dia eu mudar de ideia?
A sexualidade pode ser fluida, mas isso não invalida o que sentes agora. O importante é seres sincero contigo próprio. - Posso assumir-me bissexual mesmo sem certezas absolutas?
Podes! A identidade sexual é um caminho. Experimentar, refletir e mudar também fazem parte. - É normal sentir-me inseguro por nunca ter testado?
É super normal. Mas lembra-te: a tua identidade não depende de testes, mas de sentimentos. - Se estou num casamento heterossexual, ainda sou bissexual?
Completamente! Estar numa relação não muda o que sentes ou quem és. - Como lido com quem não acredita que sou bissexual?
Explica se quiseres, mas também podes simplesmente dizer: “Aceita ou não aceites, eu sei quem sou“. - Há outras pessoas como eu?
Muitas! E muitas delas também achavam que estavam sozinhas. Há comunidades online e grupos de apoio em Portugal. - Onde posso saber mais?
Começa por ler o nosso artigo completo (e partilhá-lo com quem duvida!). E se quiseres aprofundar, dá uma vista de olhos a associações como a ILGA Portugal ou a rede ex aequo.

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