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Não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual

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Tempo de leitura: 11 minutos

Não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual

Não é preciso ter experiência com os dois géneros para seres bissexual. Basta sentires atração por mais de um género, independentemente do que já viveste.

Não, não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual. A orientação bissexual baseia-se na atração, romântica, sexual ou emocional, por mais de um género, e não nas relações que já tiveste ou deixaste de ter.

Sentires-te bissexual é o suficiente para seres bissexual. Ninguém precisa de testar todos os sabores do gelado para saber quais gosta, certo?

Cheguei a esta resposta depois de ouvir muitas histórias de pessoas bissexuais em Portugal, algumas jovens, outras com mais idade, que sempre souberam quem eram, mas sentiam-se obrigadas a provar a sua identidade.

Para resolver este problema de uma vez por todas, precisamos desconstruir a ideia errada de que a orientação só é válida com prática.

O caminho é através da informação, empatia e aceitação. E isso começa por educar a nós próprios, aos amigos e às famílias sobre o que realmente significa ser bissexual.

Não se trata de quem já se beijou com quem, mas de quem se é por dentro. Ao leres este artigo até ao fim, vais perceber:

  • Por que a tua identidade é válida mesmo sem provas;
  • Como libertar-te da pressão de ter que justificar quem és;
  • Que não estás sozinho, muitas pessoas passam pelo mesmo;
  • E como isto pode melhorar a tua saúde mental e confiança.

1. É preciso ter experiência?

Ser bissexual não tem nada a ver com coleccionar cromos de pessoas para validar o que se sente. Se uma pessoa sente atração por mais do que um género, pronto, já está. É bissexual.

Não precisa de andar com alguém do mesmo género e depois com alguém do outro para ter o carimbo oficial.

Isto não é um jogo de pontos, é sobre aquilo que mexe connosco cá dentro e isso, meus amigos, não se mede por experiência sexual ou romântica.

Isto faz sentido porque a orientação sexual é uma questão de atração, e não de currículo amoroso. Por exemplo, tu não precisas de ir viver na América para saber que queres muito ir lá. Basta sentires vontade, imaginares, pesquisares… e já sabes que é um lugar que te atrai.

Com a bissexualidade é igual. A pessoa sente desejo ou interesse por mais de um género, e isso já é mais do que suficiente. Ninguém tem de “provar nada a ninguém“.

É como alguém heterossexual que nunca teve um namorado, mas sabe que gosta do sexo oposto: não há ninguém a duvidar, pois não?

Diferenças entre atração e experiência:

ConceitoSignificado
AtraçãoÉ o que sentimos: interesse, desejo, vontade.
ExperiênciaÉ o que fazemos na prática: estar com alguém, beijar, namorar, etc.
IdentidadeComo nos vemos: o nome que damos ao que sentimos.
Validação socialAceitação dos outros: que muitas vezes vem com exigências injustas.

Numa sociedade como a portuguesa, com raízes católicas fortes e ainda marcada por ideias antigas sobre sexualidade, muitas pessoas não têm sequer oportunidade de experimentar certas coisas. Isso não significa que não sintam.

Negar a identidade bissexual com base na falta de experiência é uma maneira disfarçada de apagar essas pessoas, o que só aumenta o estigma.

Aliás, se te interessa este assunto, deves mesmo dar uma olhada neste artigo: Não! A orientação sexual não é uma escolha e nem uma fase. Vais perceber ainda melhor porque é que o que sentes é válido, mesmo sem provas.


2. Validação da identidade deve ser autónoma e pessoal

A identidade bissexual não precisa de ser validada por terceiros nem baseada em experiências concretas: o que importa é o que a pessoa sente, e isso é totalmente pessoal e autónomo.

Pedir a alguém que comprove a sua bissexualidade através de actos é algo pesado e injusto.

Cada um tem o direito de se conhecer, de se definir, sem pressão exterior. Não é necessário provar nada a ninguém, basta sentir o que sente.

Você sabia:

  • Que em muitas comunidades escolares, estudantes bissexuais sentem-se obrigados a justificar a sua identidade?
  • Que esse tipo de pressão aumenta o stress e a ansiedade, especialmente entre jovens?
  • Que não obrigam um heterossexual a provar que gosta de pessoas do sexo oposto?
  • Que o combate contra a bifobia começa quando aceitamos ser quem somos, sem necessidade de provas?”

A orientação sexual é uma dimensão do nosso eu interior, não um dever social a cumprir. Tal como ninguém precisa de provar que gosta de chocolate para se dizer chocólatra, ninguém deve ser obrigado a provar que sente atração por mais do que um género.

A validação deve vir de dentro, não de julgamentos externos.


3. A pressão por provar a bissexualidade é bifóbica

Não, não tens de provar a tua bissexualidade com experiências: a pressão para apresentar provas, tipo “já andaste com os dois géneros, né?“, é pura bifobia, e não tem nada a ver com o que realmente importa, que é o que tu sentes.

A exigência de prova concreta vem da ignorância e originou muita frustração e tristeza.

A orientação sexual é interna e ninguém te deve obrigar a viver conforme expectativas alheias.

Aqui fica uma lista bem simples, à portuguesa, para perceberes:

  • Sentir atração é suficiente:não precisas de demonstrá-la.
  • Provas exigidas ferem a tua confiança: é pressão desnecessária.
  • Isso é um reflexo de bifobia: porque nem aos heterossexuais exigem provas!
  • Ninguém precisa provar ser quem é: como acontece com outras orientações.

O que tu sentes é verdadeiro, então a identidade é válida e ponto final. A existência de orientações não-monogéneas é legítima, e ninguém deve ditar como viver isso.


4. A bissexualidade existe em qualquer momento da vida

Sim, a bissexualidade pode existir e continuar a existir em qualquer fase da vida. Estás com alguém do mesmo género? És bissexual. Estás com alguém de género diferente? És bissexual na mesma.

O facto de estares numa relação não muda aquilo que sentes por outras pessoas.

A ideia de que a bissexualidade desaparece consoante a relação onde estás é um grande disparate, mas ainda muito comum em Portugal, sobretudo entre os mais velhos.

Há quem ache que, ao entrares numa relação heterossexual, “já passaste a ser hetero“, ou se estás com alguém do mesmo género, “agora és homo“. Tretas!, como se diz na nossa terra.

A bissexualidade é sobre quem tu ama ou sente atração, não apenas com quem estás naquele momento.

Situação AtualContinua a ser bissexual?
Numa relação com pessoa do sexo opostoSim
Numa relação com pessoa do mesmo sexoSim
Sem estar em relação com ninguémSim
Casado há 20 anos com um só parceiroSim

Só porque estás a comer gelado de morango agora, não deixaste de gostar de chocolate ou baunilha. Tu continuas a ser quem és, independentemente da tua escolha do momento.


5. Reconhecimento da identidade fortalece a saúde mental

Sim, reconhecer e aceitar a bissexualidade melhora (e muito!) a saúde mental. Quando uma pessoa bissexual se sente válida e respeitada, mesmo sem ter tido experiências com todos os géneros, ela fica mais segura, mais leve e mais feliz.

A pressão para encaixar numa caixinha rígida, típica da nossa sociedade portuguesa ainda muito marcada por valores conservadores, pode criar ansiedade, culpa e confusão.

O simples facto de poder dizer “sou bissexual, mesmo que nunca tenha estado com alguém do mesmo sexo” já dá um alívio tremendo.

Este reconhecimento é um acto de amor-próprio e proteção emocional. E olha que em tempos como os de agora, onde a saúde mental está nas ruas da amargura, esse amor faz toda a diferença!

Você sabia:

  • Que pessoas bissexuais têm maior risco de desenvolver depressão quando sentem que não são levadas a sério?
  • Que o reconhecimento da identidade é um dos principais fatores de proteção emocional em jovens LGBTQIA+?
  • Que muitos adultos bissexuais em Portugal cresceram sem uma única referência positiva?
  • Que ser tu próprio reduz o stress e melhora a qualidade do sono?

A lógica aqui é tão simples como um pastel de nata bem quentinho: quando tu és aceite, tu relaxas. E quando relaxas, o corpo e a mente funcionam melhor.

Negar ou esconder a identidade só gera desgaste. Então, reconhecer que és bissexual, sem pressões, nem exigências, é dar à tua cabeça o descanso que ela merece. Afinal, ninguém vive bem com medo constante de não ser quem é.


Claro! Aqui tens uma Seção de Perguntas Frequentes (FAQ) com 15 perguntas e respostas, todas centradas no tema “Não é preciso ter experiência com os dois géneros para ser considerado bissexual”. Usei linguagem acessível, mantendo um tom informal e ligeiramente jocoso, como combinado:


Perguntas frequentes

  1. Preciso ter estado com homens e mulheres para ser bissexual?
    Não! Basta sentires atração por mais de um género. Não precisas de ter feito nada com ninguém para saberes quem te atrai.
  2. E se nunca tive nenhuma relação amorosa?
    Também não tem problema. A bissexualidade é sobre atração e não sobre experiências concretas. Podes ser bissexual mesmo sem nunca ter namorado.
  3. Então, posso ser bissexual só por sentir atração?
    Claro que sim! Sentires vontade ou desejo já é o suficiente. A orientação vive dentro de ti, não depende de ter acontecido algo fora.
  4. E se só tive experiências com o sexo oposto?
    Continuas a ser bissexual, se sentes atração por mais do que um género. A tua história passada não apaga o que tu sentes agora.
  5. Mas não é preciso provar?
    Não tens que provar nada a ninguém. A tua identidade é tua. Quem exige provas está a agir com bifobia, mesmo que não perceba.
  6. Então porque é que tantas pessoas não acreditam?
    Porque há muito preconceito e falta de informação. As pessoas confundem identidade com comportamento, e são coisas diferentes.
  7. Se nunca me apaixonei por uma pessoa do mesmo sexo, ainda assim posso ser bissexual?
    Sim! Amor e desejo não têm que ter acontecido ainda para serem válidos. Basta a possibilidade e a abertura emocional.
  8. E se só me relacionei com um género por medo ou falta de oportunidade?
    Aí está ainda mais razão para não usares o passado como medida. Em Portugal, por exemplo, muita gente esconde a orientação por causa da família, religião ou o trabalho.
  9. E se um dia eu mudar de ideia?
    A sexualidade pode ser fluida, mas isso não invalida o que sentes agora. O importante é seres sincero contigo próprio.
  10. Posso assumir-me bissexual mesmo sem certezas absolutas?
    Podes! A identidade sexual é um caminho. Experimentar, refletir e mudar também fazem parte.
  11. É normal sentir-me inseguro por nunca ter testado?
    É super normal. Mas lembra-te: a tua identidade não depende de testes, mas de sentimentos.
  12. Se estou num casamento heterossexual, ainda sou bissexual?
    Completamente! Estar numa relação não muda o que sentes ou quem és.
  13. Como lido com quem não acredita que sou bissexual?
    Explica se quiseres, mas também podes simplesmente dizer: “Aceita ou não aceites, eu sei quem sou“.
  14. Há outras pessoas como eu?
    Muitas! E muitas delas também achavam que estavam sozinhas. Há comunidades online e grupos de apoio em Portugal.
  15. Onde posso saber mais?
    Começa por ler o nosso artigo completo (e partilhá-lo com quem duvida!). E se quiseres aprofundar, dá uma vista de olhos a associações como a ILGA Portugal ou a rede ex aequo.

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