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Tipos de sexualidade: descobre qual combina contigo e porquê

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Tempo de leitura: 25 minutos

Tipos de sexualidade: descobre qual combina contigo e porquê

Explora os diferentes tipos de sexualidade e descobre qual faz mais sentido para ti. Um guia simples, divertido e inclusivo sobre todas as formas de amar.

Antigamente, muita gente achava que só havia uma maneira certa de gostar de alguém: homem com mulher e ponto final. Mas hoje já sabemos que o coração é bem mais criativo que isso.

Existem vários tipos de sexualidade, e cada um representa uma forma única de sentir atracção, carinho ou desejo por outra pessoa.

Algumas pessoas sentem-se atraídas por géneros diferentes, outras por géneros iguais, e há ainda quem não ligue nada ao género, ou quem só sinta vontade depois de uma grande conexão emocional.

E está tudo certo! Cada tipo de sexualidade é uma maneira válida e bonita de amar e viver.

Porque deves ler este artigo até ao fim?

  • Vais descobrir que talvez o teu jeito de amar tenha um nome, e isso pode trazer alívio e clareza.
  • Vais aprender a diferença entre termos que parecem iguais, mas não são (como pansexual e bissexual).
  • Vais perceber que não estás sozinho/a. Há muita gente a sentir o mesmo que tu.
  • Vais pensar, e talvez até identificar-te com mais de uma secção.
  • Vais ter informação simples, directa e sem julgamentos. Ideal para partilhar com amigos, família ou curiosos/as.

Vamos iniciar com a sexualidade mais comum e conhecida: a heterossexualidade. Mas não te enganes: mesmo o que parece óbvio tem nuances que vale a pena entender.


1. Heterossexualidade

A heterossexualidade é o tipo de sexualidade mais conhecido por aí. É quando uma pessoa sente atracção por outra de género diferente.

Ou seja, homens que gostam de mulheres e mulheres que gostam de homens. É aquele clássico dos clássicos dos contos de fadas: a princesa que se apaixona pelo príncipe e vice-versa.

É também a sexualidade mais retratada nos filmes, novelas e músicas populares. Mas atenção, ser heterossexual não é sinónimo de ser “normal“, porque todas as formas de amar são normais. A heterossexualidade é só uma entre várias maneiras de se sentir atracção.

Comportamentos típicos dos heterossexuais incluem:

  • Interesse romântico e sexual por pessoas do género oposto.
  • Sonhos de casar, ter filhos e formar família com alguém do outro género.
  • Costumam dizer frases como “os homens são todos iguais” ou “as mulheres é que sabem“.
  • Ver filmes românticos e torcer sempre pelo casal “ele + ela“.
  • Sentirem-se mais confortáveis em espaços onde a maioria também é heterossexual.

Claro que nem todos os heterossexuais são iguais, mas há muitos padrões que se repetem por aí.

Como saber se és heterossexual?

Olha, a melhor maneira de saber é prestar atenção a quem te faz bater o coração mais forte. Se costumas sentir borboletas na barriga quando estás perto de alguém do género oposto, pode ser um sinal.

Outro sinal é se, quando pensas num par romântico, imaginas sempre alguém do sexo diferente do teu. Mas não há pressa para descobrir isso. Às vezes, só o tempo (e umas quantas paixões) é que ajudam a perceber.

Desafios de ser heterossexual? Sim, também há!

Apesar de ser a orientação mais comum, isso não significa que a vida seja um mar de rosas. Muitos heterossexuais enfrentam expectativas sociais fortes: “Quando casas?“, “Já tens namorada/o?“, “Vais ter filhos quando?“.

Há também a pressão de manter relacionamentos certinhos, com papéis bem definidos: o homem faz isto, a mulher faz aquilo. Isso pode ser chato e limitador.

Além disso, por ser considerada a norma, a heterossexualidade às vezes faz com que as pessoas se esqueçam que existem outros tipos de amar, e isso gera preconceitos sem querer.

Em Portugal, mais de 85% da população adulta diz ser heterossexual. Mas isso não quer dizer que todos estejam felizes. Muita gente descobre mais tarde que afinal o coração gosta de outras aventuras!

Curioso para saber sobre outras formas de amar? Na próxima secção, vamos falar da homossexualidade: o amor entre pessoas do mesmo género.


2. Homossexualidade

A homossexualidade é quando alguém sente atracção por pessoas do mesmo género.

Ou seja, homens que gostam de outros homens (gays) e mulheres que gostam de outras mulheres (lésbicas). É tão natural como gostar de bacalhau à Brás ou de pastel de nata: uns gostam, outros nem por isso.

Apesar de ser muitas vezes mal compreendida, a homossexualidade existe desde sempre e em todas as culturas. Em Portugal, já há muitos casais do mesmo sexo que vivem abertamente e felizes, mas ainda há muito caminho para andar.

Comportamentos típicos de quem é homossexual podem incluir:

  • Sentir-se atraído romanticamente e/ou sexualmente por pessoas do mesmo género.
  • Ter crushes por colegas do mesmo sexo na escola ou no trabalho.
  • Ver filmes ou séries e torcer pelo casal “ele + ele” ou “ela + ela“.
  • Participar em eventos como a Marcha do orgulho LGBTQIA+.
  • Assumir-se perante amigos e família, às vezes com medo, outras vezes com orgulho.

Mas atenção: ninguém tem de se vestir ou comportar-se de determinada maneira para parecer gay ou lésbica. Ser homossexual não tem um uniforme.

Como saber se és homossexual?

Tal como nas outras orientações, tudo começa por prestar atenção aos teus sentimentos. Se costumas apaixonar-te ou sentir desejo por pessoas do mesmo género, isso pode ser um sinal claro.

Também ajuda pensar: com quem imaginas um beijo de cinema? Quem é que te faz sorrir sem razão? Não te preocupes se demorar. Descobrir a nossa orientação é uma viagem, não uma corrida.

Desafios da homossexualidade em Portugal

Apesar dos avanços (como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser legal desde 2010), ainda há preconceito. Há quem ache que é fase, moda ou rebeldia. O que não é verdade.

Muitos gays e lésbicas enfrentam o medo de se assumirem, especialmente em ambientes conservadores, como algumas famílias ou vilas pequenas. Também podem ouvir piadas de mau gosto ou sentir-se excluídos em certos grupos.

Mas por outro lado, há cada vez mais apoio, associações, eventos e vozes que defendem o direito de amar livremente.

Portugal foi um dos primeiros países do mundo a permitir a adopção por casais do mesmo sexo. Ponto para nós!

E se o teu coração não escolhe só um género? Na próxima secção, vamos falar da bissexualidade: um arco-íris de possibilidades.


3. Bissexualidade

A bissexualidade é aquela sexualidade em que o coração bate por mais de um género.

Ou seja, uma pessoa bissexual pode sentir atracção tanto por homens como por mulheres e nalguns casos, também por pessoas não-binárias.

Não significa que gostem de “tudo ao mesmo tempo“, nem que estejam sempre indecisos. Significa apenas que o amor e o desejo deles têm um leque um pouco mais alargado.

Comportamentos típicos de pessoas bissexuais podem incluir:

  • Ter histórias ou paixões com mais de um género ao longo da vida.
  • Sentir-se atraído/a por pessoas de diferentes géneros sem confusão.
  • Ouvir “isso é só fase” mais vezes do que gostariam.
  • Às vezes, estar num relacionamento hétero e ser visto como hetero, ou num relacionamento homo e ser visto como gay/lésbica.
  • Participar em espaços LGBTQIA+, mas nem sempre sentir-se totalmente incluído/a.

Ou seja, os bissexuais muitas vezes vivem numa espécie de “terra do meio“, com desafios únicos.

Como saber se és bissexual?

Se alguma vez sentiste borboletas na barriga por pessoas de géneros diferentes, parabéns, o teu coração pode ser bissexual.

Também é comum que quem é bissexual leve mais tempo a perceber, porque a sociedade tende a ensinar que temos de escolher um lado. Mas a verdade é que o amor não precisa de fronteiras tão apertadas.

Lembra-te: não é preciso ter experiência com os dois géneros para te considerares bissexual. O que importa são os teus sentimentos, não o currículo amoroso.

Desafios de ser bissexual em Portugal

Um dos maiores problemas é a invisibilidade. Muitas vezes, as pessoas acham que os bissexuais não contam ou estão apenas a experimentar. É o velho mito do “estás confuso/a“.

Além disso, há preconceito vindo de todos os lados: da comunidade hetero e, por vezes, até dentro da comunidade LGBTQIA+. Isso pode fazer com que se sintam deslocados e com medo de se assumirem.

A bandeira da bissexualidade tem três cores: rosa (atração pelo mesmo género), azul (pelo género diferente) e roxo (a mistura dos dois). Bonita e simbólica!

E se para ti o género nem entra na equação? Na próxima secção vamos conhecer a pansexualidade, onde o amor é mesmo cego.


4. Pansexualidade

A pansexualidade é aquela orientação em que o amor e o desejo não ligam ao género.

A pessoa pansexual apaixona-se por alguém independentemente de ser homem, mulher, não-binário ou qualquer outra identidade de género.

É como se o coração dissesse: “Olha, eu não quero saber do rótulo que está na embalagem. O que interessa é o conteúdo.” Por isso, quem é pansexual costuma dizer que se liga mais à pessoa do que ao género dela.

Comportamentos típicos de pessoas pansexuais incluem:

  • Sentir atracção por pessoas de qualquer identidade de género.
  • Estar numa relação e ter de explicar que não são bissexuais, mas sim pan.
  • Lutar contra a ideia de que “isso não existe“. Spoiler: existe sim.
  • Usar muito a expressão “o que importa é a alma“.
  • Ser confundidos frequentemente com bissexuais, mas insistirem na diferença.

A pansexualidade é parecida com a bissexualidade, mas tem um detalhe: os pansexuais não consideram o género relevante na atracção. É como se não vissem isso como um filtro.

Como saber se és pansexual?

Faz-te esta pergunta: já te sentiste atraído/a por alguém e depois é que soubeste qual era o género dessa pessoa? Ou nem sequer pensaste nisso?

Se te apaixonas sem pensar “é homem ou mulher?“, “qual é o pronome que usa?“, talvez a tua bússola amorosa seja pansexual.

Lembra-te, não tens de sair por aí com um crachá. Descobrir e assumir a tua orientação é uma escolha só tua, no teu tempo.

Desafios de ser pansexual em Portugal

Ainda há muito desconhecimento sobre esta orientação. Há quem diga “isso é só moda”, “isso é bissexualidade disfarçada” ou “ninguém sente isso“.

Por isso, muitos pansexuais acabam por não se assumir, com medo de serem ridicularizados. Também enfrentam a típica pergunta: “Então gostas de tudo e todos?“, como se amar fosse uma coisa descontrolada.

A bandeira pansexual tem três cores: rosa (atracção por mulheres), amarelo (por pessoas não-binárias) e azul (por homens). Um arco-íris bem afinado!

E se o teu corpo não sente desejo sexual, mas mesmo assim quer amar? A próxima secção vai falar da assexualidade, onde o romance não depende da química do corpo.


5. Assexualidade

A assexualidade é quando uma pessoa sente pouca ou nenhuma atracção sexual por outras pessoas.

Isso não quer dizer que não sintam amor, carinho ou vontade de ter uma relação. Simplesmente, a parte sexual não é o que lhes chama mais à atenção.

Imagina alguém a olhar para outra pessoa e pensar: “Gosto de ti, quero estar contigo, mas sexo não me diz grande coisa.“. É mais ou menos isso. E há muitos tipos de assexualidade: algumas pessoas até podem sentir desejo em certas situações, mas noutras, nada de nada.

Comportamentos típicos de pessoas assexuais incluem:

  • Ter pouco ou nenhum interesse em sexo, mesmo com pessoas por quem gostam.
  • Ter relações românticas que não envolvem intimidade sexual.
  • Sentir-se fora de lugar em conversas muito sexualizadas.
  • Explicar vezes sem conta que assexualidade não é doença, trauma ou frustração.
  • Ter mais interesse por ligação emocional, conversas profundas e afecto do que por toques físicos.

Cada pessoa vive a assexualidade de forma diferente. Umas querem relacionamentos, outras preferem estar sozinhas. E está tudo certo!

Como saber se és assexual?

Se já estiveste numa relação ou apaixonado/a e mesmo assim não tiveste vontade de estar com a pessoa sexualmente, pode ser um sinal.

Também é comum perguntar: “Será que há algo de errado comigo?“. Não, não há. O que há é uma diversidade enorme na forma como cada um sente e vive o desejo. E nem toda a gente tem de sentir atracção sexual.

Vale lembrar: há assexuais que se apaixonam (são românticos) e outros que nem isso. Cada um com o seu mapa do coração.

Desafios de ser assexual em Portugal

Num mundo onde tudo gira à volta do sexo, da publicidade aos reality shows, ser assexual pode fazer com que alguém se sinta “fora do baralho“.

Há quem ache que é só timidez, medo ou falta de experiência. Muitos assexuais passam anos a tentar encaixar-se num modelo que não lhes serve, até perceberem que a sua forma de amar é válida e digna.

A bandeira da assexualidade tem quatro cores: preto (sem sexualidade), cinzento (sexualidade parcial), branco (relações românticas) e roxo (a comunidade).

E se só consegues sentir desejo depois de uma ligação emocional profunda? Fica atento à próxima secção: vamos mergulhar na demissexualidade, onde a faísca só acende depois do coração falar.


6. Demissexualidade

A demissexualidade é como aquele velho ditado: “primeiro conhece-se a alma, depois vem o resto.“.

Quem é demissexual só sente atracção sexual depois de criar uma ligação emocional forte com alguém.

Não é que a pessoa não tenha desejo sexual. É que esse desejo não aparece logo à primeira vista. O que importa é a conexão, a confiança, a intimidade emocional. Só depois disso é que a faísca pode acender.

Comportamentos típicos de demissexuais incluem:

  • Não sentir atracção por desconhecidos ou pessoas com quem não têm laços afectivos.
  • Precisar de tempo e convivência antes de surgir interesse sexual.
  • Ser confundidos com tímidos, seletivos ou até frios.
  • Ter dificuldade em entender o conceito de amor à primeira vista.
  • Valorizarem muito mais uma boa conversa do que uma aparência de capa de revista.

Para os demissexuais, o cérebro e o coração estão sempre na frente. O corpo vem atrás, se vier.

Como saber se és demissexual?

Pensa assim: alguma vez sentiste que só começaste a ter vontade de estar com alguém depois de meses a conversar, partilhar momentos e construir algo?

Se olhas para uma pessoa linda e não sentes nada até a conhecer melhor, talvez estejas no espectro demissexual. E isso é perfeitamente normal. Só significa que para ti, desejo precisa de raízes emocionais.

Às vezes, descobrir isso traz um grande alívio: “Ah, então não sou esquisito/a — só preciso de me ligar primeiro!

Desafios de ser demissexual em Portugal

No meio de tantas apps de encontros e matches instantâneos, a demissexualidade parece andar contra a corrente.

Muitos demissexuais sentem-se deslocados num mundo onde tudo é muito rápido, e onde se espera atracção desde o primeiro olhar. Também podem ser pressionados a apressar etapas que, para eles, precisam de tempo.

E como nem toda a gente entende essa necessidade de ligação, os demissexuais podem ser mal interpretados, como se estivessem a fingir ou enrolar.

A bandeira demissexual mistura preto (assexualidade), branco (sexualidade), roxo (comunidade) e um triângulo cinzento — uma bela representação da zona “entre o sim e o não”.

E se te sentes atraído por todos os géneros, mas com atenção aos detalhes? Espera pela próxima secção: vem aí a omnisexualidade. Amor com nuances!


7. Omnisexualidade

A omnisexualidade é como um grande buffet emocional: a pessoa sente atracção por todos os géneros, mas com atenção aos temperos de cada um.

Ou seja, ao contrário da pansexualidade, que ignora o género, os omnissexuais reconhecem e valorizam as diferenças de género nas pessoas por quem se sentem atraídos.

Para eles, o género da pessoa importa, sim, mas como um detalhe que enriquece a experiência, não como uma barreira. O coração vê tudo e aprecia a diversidade.

Comportamentos típicos de quem é omnissexual incluem:

  • Sentir atracção por pessoas de todos os géneros, mas de forma diferente consoante o género.
  • Ter preferências pessoais que mudam com o tempo ou com a ligação à pessoa.
  • Identificar-se com a ideia de fluidez e diversidade nas relações.
  • Ter de explicar que não são pansexuais, embora haja semelhanças.
  • Mostrar interesse genuíno pelas identidades de género dos parceiros/as.

A omnisexualidade é uma mistura de abertura total e atenção aos detalhes. Tipo quem gosta de todas as músicas, mas ainda assim tem géneros favoritos.

Como saber se és omnissexual?

Se sentes atracção por várias pessoas de géneros diferentes, e ainda assim notas que o género influencia (nem que seja um bocadinho) como sentes essa atracção, podes muito bem estar no clube dos omnissexuais.

Talvez gostes de homens de um jeito, de mulheres de outro, e de pessoas não-binárias ainda de outro. Todos especiais, todos válidos.

Não precisas de entender tudo à primeira. Vai explorando os teus sentimentos e vendo onde o teu coração te leva.

Desafios da omnisexualidade em Portugal

Como é uma orientação menos conhecida, muitos nem sabem que existe. Isso leva a confusões, tipo: “Mas isso não é pansexualidade?” ou “Estás só a inventar nomes novos“.

Há também o peso do preconceito duplo: da parte de quem acha que é demasiado aberto, e de quem exige uma definição mais “quadrada“. Os omnissexuais vivem muitas vezes no meio da curiosidade e da incompreensão.

A bandeira omnissexual tem três cores: rosa (atracção por mulheres), azul (por homens) e violeta (por pessoas de outros géneros). Uma homenagem à diversidade com estilo!

E se o teu coração gosta de vários géneros, mas não de todos? Fica connosco para a próxima secção: vamos falar da polissexualidade.


8. Polissexualidade

A polissexualidade é como um menu à la carte do amor: a pessoa sente atracção por vários géneros, mas não por todos.

Ou seja, é diferente da pansexualidade (que é “independente do género“) e da omnisexualidade (que reconhece todos os géneros com nuances).

Pessoas polissexuais podem sentir-se atraídas, por exemplo, por homens e mulheres, mas não por pessoas não-binárias. Ou por mulheres e pessoas não-binárias, mas não por homens. O coração escolhe alguns sabores e dispensa outros. E está tudo bem com isso.

Comportamentos típicos de pessoas polissexuais incluem:

  • Ter atracção clara por vários géneros, mas não por todos.
  • Sentir-se confusas ao tentar explicar a diferença entre “poli” e “bi” ou “pan“.
  • Ouvir frases como “mas então és meio bissexual?” (não, não são meio nada).
  • Preferir relações abertas a possibilidades, mas com os seus próprios limites.
  • Participar na comunidade LGBTQIA+ com identidade própria, mesmo sendo menos falada.

A polissexualidade é muito pessoal e varia muito de pessoa para pessoa. O que importa é o que se sente, não uma regra universal.

Como saber se és polissexual?

Se te atraem pessoas de mais de um género, mas percebes que há géneros pelos quais nunca sentiste atracção, mesmo com o tempo, podes ser polissexual.

Por exemplo, talvez sintas desejo por homens e pessoas não-binárias, mas nunca por mulheres. Ou talvez sintas atracção por mulheres e homens, mas não por pessoas de género fluido. É como uma bússola interna que aponta para direcções específicas.

E sim, está tudo certo em não sentir desejo por todos. Ninguém tem de gostar de tudo para ser válido.

Desafios da polissexualidade em Portugal

O principal desafio é a confusão. Como quase ninguém fala da polissexualidade, muitas pessoas não a reconhecem como uma orientação legítima.

Também há a pressão para explicar melhor ou escolher um lado. E, infelizmente, há preconceito tanto fora quanto dentro da comunidade LGBTQIA+, por parecer que é uma identidade meio caminho, o que é injusto e incorrecto.

A bandeira polissexual tem três cores: rosa (atracção por mulheres), azul (por homens) e verde (por outros géneros). Verde porquê? Porque o verde não está na bandeira do orgulho bi — para marcar a diferença!

E se aquilo que mais te atrai é mesmo o cérebro das pessoas? Então prepara-te, porque na próxima secção vamos falar da sapiosexualidade.


9. Sapiosexualidade

A sapiosexualidade é quando o coração começa a bater mais depressa… depois de uma boa conversa.

Pessoas sapiosexuais sentem-se atraídas principalmente pela inteligência. Pode ser o brilho nos olhos ao falar de filosofia, a forma como argumentam ou até aquela piada esperta que ninguém mais entendeu.

Para os sapiosexuais, o corpo até pode chamar a atenção, mas é o cérebro que faz o clique. Se há química, ela está no vocabulário, nas ideias, nas trocas profundas. Um QI alto pode ser mais sexy do que qualquer abdómen definido.

Comportamentos típicos de sapiosexuais incluem:

  • Apaixonarem-se depois de longas conversas, não depois de olhares.
  • Acharem irresistível alguém que domina bem uma área de conhecimento.
  • Sentirem pouca atracção por pessoas que não estimulam intelectualmente.
  • Ficarem encantados por quem escreve bem, lê muito ou pensa de forma original.
  • Darem mais valor a debates e discussões do que a festas ou flirt físico.

Para eles, o cérebro é o verdadeiro órgão sexual principal.

Como saber se és sapiosexual?

Se alguma vez deste por ti a suspirar por alguém depois de uma conversa sobre política, arte ou ciência, em vez de depois de uma troca de olhares, pode ser um sinal.

Talvez aches difícil sentires desejo por pessoas que não desafiem a tua mente. Ou talvez fiques completamente rendido/a quando alguém usa palavras difíceis… e bem usadas.

A sapiosexualidade pode aparecer sozinha ou junto com outras orientações. Ou seja, podes ser gay e sapiosexual, hétero e sapiosexual, etc.

Desafios da sapiosexualidade em Portugal

Um dos maiores desafios é o preconceito com a própria ideia. Muitos acham que é snobice ou moda da internet. Também há dificuldade em encontrar parceiros/as que valorizem a inteligência tanto quanto tu.

E como vivemos numa cultura muito visual e imediata, quem é sapiosexual pode sentir-se deslocado, à espera daquela conversa que raramente acontece nos primeiros encontros.

Muitos sapiosexuais adoram debates, podcasts, livros e… jogos de palavras! Um bom trocadilho pode ser mais sedutor do que uma foto de ginásio.

E se o que te atrai são identidades mais amplas do que apenas homem ou mulher? Na última secção vamos falar de androfilia e ginefilia.


10. Androfilia & Ginefilia

Se sentes atracção por pessoas com expressão masculina, independentemente de serem homens cis, trans ou pessoas não-binárias com esse estilo, então podes ser andrófilo/a. Já se o que te faz derreter são expressões femininas, podes ser ginéfilo/a.

Androfilia e ginefilia podem parecer nomes de medicamentos, mas são, na verdade, formas mais inclusivas de falar sobre quem te atrai.

Estes termos são úteis porque nem sempre homem e mulher chegam para descrever quem somos e quem nos atrai. Com a crescente visibilidade de identidades de género mais diversas, estes conceitos ajudam a comunicar o desejo de forma mais precisa.

Comportamentos típicos de quem se identifica com androfilia ou ginefilia incluem:

  • Sentir atracção por pessoas com determinada expressão de género (masculina ou feminina), independentemente do sexo atribuído à nascença.
  • Usar termos mais neutros para descrever os próprios sentimentos, especialmente em contextos LGBTQIA+.
  • Identificar-se com rótulos mais amplos e menos “encaixados” em binarismos.
  • Participar em conversas e espaços inclusivos, com foco na diversidade.
  • Ter preferência por pessoas com determinado tipo de apresentação: voz, gestos, estilo, etc.

Estes termos são como ferramentas novas para um vocabulário amoroso mais respeitador e adaptado aos tempos modernos.

Como saber se és andrófilo/a ou ginéfilo/a?

Pergunta-te: o que me atrai é o género legal da pessoa, ou a forma como ela se apresenta no mundo?

Se te sentes atraído por pessoas com traços, voz ou comportamentos associados ao masculino, independentemente da identidade de género, isso pode ser androfilia. O mesmo vale para a ginefilia, mas com características femininas.

Estes termos podem ser uma boa opção se não te revês nos rótulos clássicos ou queres algo mais fluido.

Desafios em usar estes termos em Portugal

Ainda são muito pouco conhecidos, mesmo dentro da comunidade LGBTQIA+. Por isso, ao usá-los, é comum ter de explicar o que significam.

Além disso, como o debate sobre identidade de género ainda está a crescer, muita gente não entende por que homem e mulher às vezes não chegam para explicar a atracção.

Mas, à medida que a linguagem evolui, cresce também o respeito pela diversidade de formas de amar e desejar.

Estes termos são muito usados por pessoas não-binárias, trans e queer que não se encaixam em etiquetas tradicionais como hétero, bi ou gay.

E agora que exploraste todas estas formas de amar, que tal descobrires qual delas mais te representa? Podes misturar, adaptar ou criar a tua própria linguagem do amor. Afinal, o coração é teu, e o dicionário também pode ser!


Resumo

Aqui tens uma tabela resumo com duas colunas. Uma com o nome da sexualidade e outra com a explicação simples:

TipoExplicação
HeterossexualidadeAtracção por pessoas do género diferente do próprio.
HomossexualidadeAtracção por pessoas do mesmo género (gays e lésbicas).
BissexualidadeAtracção por dois ou mais géneros, geralmente o próprio e outro.
PansexualidadeAtracção por pessoas independentemente do género; o que importa é a pessoa.
AssexualidadePouca ou nenhuma atracção sexual; pode haver interesse romântico.
DemissexualidadeAtracção sexual só surge após ligação emocional forte.
OmnisexualidadeAtracção por todos os géneros, reconhecendo as diferenças entre eles.
PolissexualidadeAtracção por vários géneros, mas não por todos.
SapiosexualidadeAtracção principalmente pela inteligência; o cérebro é o charme.
AndrofiliaAtracção por pessoas com expressão ou identidade masculina.
GinefiliaAtracção por pessoas com expressão ou identidade feminina.

Perguntas frequentes

  1. A minha sexualidade pode mudar com o tempo?
    Sim! A sexualidade pode ser fluida e mudar ao longo da vida. O importante é respeitares o que sentes em cada fase.
  2. É normal ainda não saber qual é a minha sexualidade?
    Totalmente normal. Descobrir a sexualidade é um processo pessoal, sem prazo nem pressão.
  3. Posso ser mais de uma coisa ao mesmo tempo?
    Sim! Algumas pessoas identificam-se com mais de uma orientação ou expressão. A identidade não precisa de ser fechada numa caixa.
  4. Pansexualidade e bissexualidade são a mesma coisa?
    Não. Ambas envolvem atracção por mais de um género, mas os pansexuais não consideram o género relevante, enquanto os bissexuais sentem atracção por dois ou mais géneros (normalmente incluindo o próprio).
  5. Ser assexual significa que nunca me vou apaixonar?
    Não! Assexualidade refere-se à atracção sexual. Muitos assexuais sentem amor romântico e têm relações felizes.
  6. O que fazer se a minha família não aceitar a minha sexualidade?
    Procura apoio em amigos de confiança, associações ou espaços seguros. A aceitação pode levar tempo, mas a tua paz e bem-estar são prioritários.
  7. Posso ser gay e sapiosexual ao mesmo tempo?
    Claro! A sapiosexualidade pode combinar-se com qualquer outra orientação. É sobre o que te atrai, e não se exclui com mais nada.
  8. Como explico androfilia ou ginefilia a alguém que nunca ouviu falar?
    Diz que são formas de descrever a atracção por pessoas com características masculinas (androfilia) ou femininas (ginefilia), sem se prender ao homem ou mulher tradicional.
  9. É preciso “experimentar” para saber a minha orientação?
    Não. A orientação é sobre o que sentes, não sobre o que já viveste. Não precisas de provar nada a ninguém.
  10. Onde posso aprender mais e ter apoio em Portugal?
    Podes procurar associações como a ILGA Portugal, Opus Diversidades ou TransMissão. Também há grupos online seguros e espaços comunitários em várias cidades.

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