Se está a pensar “nunca mais serei feliz, a resposta é clara: vai ser, sim senhor(a). Essa certeza não é conversa para animar: é um facto que já se provou na vida de muita gente.
A dor que agora parece infinita é, na verdade, temporária e moldável pelo que decidir fazer a seguir.
A ciência confirma o que o povo já diz nos provérbios: “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.“.
Para resolver este problema, é preciso agir:
- Manter o contacto social;
- Redescobrir interesses;
- Reduzir gatilhos emocionais (como espreitar as redes do(a) ex);
- Explorar novos lugares e;
- Aprender a aceitar que a vida é feita de ciclos.
Pequenas mudanças diárias, consistentes, são a chave para virar a página.
Ao ler este artigo até ao fim vai:
- Perceber que não está sozinho(a) nesta dor.
- Receber estratégias práticas adaptadas à realidade portuguesa.
- Aprender a lidar com a saudade sem deixar que ela o(a) paralise.
- Ganhar motivação para começar a escrever um novo capítulo da sua vida.
- Sair com um plano claro para transformar o pensamento “nunca mais serei feliz” numa memória distante.
1. Evite o isolamento
Quando a relação acaba, dá vontade de ficar fechado em casa, deitado no sofá, a ver a vida a passar pela janela. Mas olha, meu amigo(a), isso só vai piorar.
O isolamento é como sal numa ferida. Parece que não, mas arde e demora mais a sarar. Afastar-se das pessoas é cortar-se daquilo que mais ajuda: companhia, escuta e aquele “bora lá” que só um bom amigo sabe dar.
Somos um povo que vive de relações. Seja a vizinha que oferece um pratinho de sopa, seja a conversa demorada na padaria, este contacto humano é uma âncora emocional.
A ciência também bate palmas a isto: interagir com outros diminui a solidão, ajuda a regular as emoções e cria uma sensação de pertença.
E, convenhamos, num país onde até o padre pergunta pela tua vida na missa, não é difícil encontrar alguém que se preocupe contigo. Evitar o isolamento não significa estar rodeado de gente todos os dias, mas sim permitir-se sentir que não está sozinho no mundo.
Formas de evitar o isolamento no dia a dia:
| Situação | Ação prática |
|---|---|
| Sentir-se triste à noite | Telefone a um amigo e combinar um café |
| Fim-de-semana vazio | Vá ao mercado municipal ou feira local |
| Falta de ânimo para sair | Dê um passeio pelo bairro e cumprimente vizinhos |
| Precisa de companhia | Participe em grupos de caminhada ou voluntariado |
Somos habituados desde pequenos a viver “em bando”: na família, na escola, na aldeia, no bairro.
Isolar-se vai contra este instinto e corta o acesso a pequenas interações que, somadas, são poderosas no processo de recuperação emocional.
2. Redescubra interesses
Sim, meu caro(a), depois de um término é mesmo altura de voltar a mexer nos sonhos que estavam na gaveta. E não, não precisa ser nada de grandioso como aprender violino em 3 dias.
A ideia é simples: voltar a fazer coisas que lhe davam prazer ou descobrir novas. Há um mundo de opções acessíveis e divertidas, desde jardinagem no quintal até aprender a fazer pão de milho como a sua avó fazia.
Quando nos ocupamos com algo que gostamos, o cérebro produz dopamina, o tal “químico da alegria”. E, para além de afastar os pensamentos negativos, este foco em si próprio(a) reconstrói a identidade que por vezes se perde numa relação.
A nível social e económico, Portugal tem a vantagem de oferecer muitas atividades gratuitas ou de baixo custo, desde workshops culturais nas juntas de freguesia até grupos de leitura nas bibliotecas municipais.
Em alta entre os leitores:
Sabia que…
- O tricô voltou a estar na moda em Portugal, e muitos grupos se juntam em cafés para tricotar e conversar.
- Há bibliotecas municipais que emprestam instrumentos musicais gratuitamente.
- Algumas Câmaras Municipais oferecem aulas de dança populares por menos de 5 euros por mês.
- Até o cultivo de ervas aromáticas em casa melhora o humor e diminuir o stress.
Ao redescobrir interesses, a pessoa deixa de viver apenas na lembrança do que perdeu e começa a investir no que é capaz de ganhar.
Escolhi exemplos realistas e tipicamente portugueses, que não dependem de grandes recursos financeiros. Assim, mesmo que a situação económica esteja apertada, é possível criar momentos de prazer e realização pessoal sem peso na carteira.
3. Reduzir contacto digital
Se quer curar a ferida, pare de a cutucar. E, no mundo digital, cutucar é ficar a ver fotos, publicações e histórias do(a) ex. Isso é como tentar fechar uma porta enquanto a mantém aberta com o pé: nunca vai resultar.
Cada vez que vemos algo da pessoa, o cérebro revive memórias, boas ou más, e a ferida volta a abrir.
Onde a vida social muitas vezes passa pelas redes (Facebook, Instagram, WhatsApp), é preciso criar barreiras. Isso significa deixar de seguir, silenciar, ou até bloquear temporariamente.
Não é vingança, é autoproteção. E mais, quanto menos estímulo visual ou emocional tiver, mais rápido o cérebro se habitua à ausência.
Passos para reduzir o contacto digital:
- Silenciar as publicações do ex-parceiro.
- Apagar conversas antigas do telemóvel.
- Evitar “dar uma espreitadela” nas redes.
- Criar novos grupos de conversa sem ligações ao passado.
A lógica é quase matemática: menos exposição = menos gatilhos = mais paz mental.
Este método evita recaídas emocionais e ajuda a focar no presente. Escolhi medidas simples e diretas, adaptadas ao dia a dia digital, onde todos sabemos que dar uma olhadinha nas redes é quase um reflexo automático.
4. Explore novos lugares
Meu amigo(a), nada como sair de casa e ver coisas novas para lembrar que o mundo é maior que o coração partido.
E não precisa de ser uma viagem cara para fora do país – Portugal está cheio de recantos que parecem postais e que muitos de nós nem conhecemos.
A razão é simples: quando visitamos lugares diferentes, estimulamos o cérebro, quebramos a rotina e afastamos pensamentos negativos.
Isto é ainda mais forte num país como o nosso, com paisagens variadas (do Gerês ao Alentejo, das praias da Costa Vicentina às aldeias históricas).
Socialmente, estas viagens também criam novas memórias e histórias para contar, que substituem aquelas que ficaram presas ao passado.
Sugestões de lugares para explorar:
| Tipo de experiência | Exemplos |
|---|---|
| Natureza | Parque Nacional da Peneda-Gerês, Serra da Estrela |
| Cultura | Óbidos, Évora, Guimarães |
| Praia | Costa Vicentina, Ilha do Farol |
| Tradição | Aldeias de Xisto, Monsanto |
Mudar o cenário muda o estado de espírito. Escolhi destinos que são explorados com pouco dinheiro e refletem a diversidade cultural e natural do país.
Em vez de ver a vida a preto e branco, explorar novos lugares pinta o quadro com novas cores e dá uma sensação de renovação que não se encontra no sofá de casa.
5. Aceite a impermanência
Nada, mas mesmo nada, dura para sempre. Nem a dor que está a sentir agora, nem o frio do inverno, nem o preço da sardinha no verão.
É duro aceitar, mas também é libertador. O fado já nos ensinou que “tudo isto é triste, mas tudo isto passa” e a impermanência é quase um conceito cultural.
Entender que as emoções são como as marés que sobem, descem e voltam a subir, ajuda a lidar com o momento presente sem achar que vai durar eternamente.
Há uma base filosófica aqui, que tanto aparece na religião católica (com a ideia de que o sofrimento é temporário e tem um sentido) como em pensamentos mais orientais, que alguns portugueses têm vindo a adotar.
E se juntarmos a isto a sabedoria popular, fica claro: “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.“
Você sabia…
- O poeta Fernando Pessoa escreveu que “tudo vale a pena se a alma não é pequena“, lembrando que desafios são parte da vida.
- Muitos provérbios portugueses falam sobre mudança, como “depois da tempestade vem a bonança“.
- Nas festas tradicionais, o ano é marcado por ciclos, como vindimas, colheitas, santos populares, todos a lembrar que nada é fixo.
- Até a gastronomia muda com as estações, reforçando a ideia de que tudo tem o seu tempo.
A aceitação da impermanência não é resignação, é perceber que até a dor de agora será memória um dia. Escolhi exemplos próximos da cultura portuguesa, do fado à agricultura, para que a ideia não fique no ar, mas assente na vida prática.
Assim, mesmo quem tem pouco estudo sente que isto não é conversa “de livro caro“, mas sim sabedoria que já está no nosso dia a dia.
Perguntas frequentes
- Vou mesmo voltar a ser feliz um dia?
Vai, sim. A tristeza parece eterna, mas é como a chuva no outono: um dia pára, o sol volta e até o cheiro do ar muda. - É normal sentir-me perdido(a) depois de um término?
Completamente normal. É como quando nos tiram o chão numa onda da Nazaré – demora até encontrar equilíbrio de novo. - Tenho de esquecer a pessoa para ser feliz?
Não precisa esquecer, mas sim aprender a viver sem dor quando pensa nela. É mais sobre aceitar do que apagar. - O tempo cura mesmo tudo?
O tempo ajuda, mas só se fizer algo por si. Se ficar parado(a), é como ter uma ferida e nunca lhe tirar o penso. - Posso começar outra relação para esquecer?
Pode, mas cuidado. Usar outra pessoa como “curativo” pode dar problemas. Primeiro cure-se, depois ame de novo. - Por que dói tanto?
Porque o amor mexe com o cérebro como um vício. Quando acaba, o corpo entra em “abstinência emocional”. - O que posso fazer quando me bate aquela tristeza repentina?
Levantar-se, mexer o corpo, telefonar a um amigo ou sair para apanhar ar. O truque é não ficar parado(a). - E se os meus amigos se fartarem de me ouvir?
Escolha bem com quem fala e diversifique. Não carregue sempre os mesmos ombros. - Vale a pena procurar ajuda profissional?
Sim. Um psicólogo pode ajudar a reorganizar os pensamentos e a criar estratégias para avançar. - Como evitar stalkar o(a) ex nas redes?
Silencie, bloqueie ou peça a um amigo para lhe mudar a palavra-passe temporariamente. - E se eu ainda tiver esperanças de voltar?
Respeite o seu sentimento, mas viva como se a relação não fosse voltar. Assim, não fica preso(a) à espera. - Sair para novos lugares ajuda mesmo?
Ajuda muito. Mudar de ambiente refresca a cabeça e cria novas memórias. - Há como acelerar a recuperação?
Sim: cuide do corpo, ocupe a mente e alimente a alma. - E se eu não tiver dinheiro para grandes mudanças?
Não precisa. Caminhar pelo bairro, visitar a praia ou participar em eventos gratuitos já ajuda. - Quando vou parar de pensar nisto?
Quando outras coisas boas ocuparem espaço na sua vida. E isso vai acontecer.

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