Num mundo de Tinder e stories de 24h, o ciúmes ainda reina como vilão número 1 dos relacionamentos. Com toda a evolução tecnológica e a promessa de liberdade emocional, porque é que ainda sentimos aquele aperto no peito quando o(a) parceiro(a) deixa um “gosto” numa foto alheia? Bora desmontar esse drama passo a passo.
O que é ciúmes hoje em dia?
Sim, o ciúmes ainda existe, mas hoje tem cara nova. Não é mais só aquele medo de ver o(a) parceiro(a) a olhar para outra pessoa na rua. Agora, basta um emoji suspeito, um “visualizou e não respondeu” ou uma curtida fora de hora para o bicho pegar.
O ciúmes no mundo digital é como um detector de ameaças imaginárias. A cada notificação no telemóvel, surge uma novela mexicana na nossa cabeça.
Esta nova versão do ciúmes é alimentada por redes sociais, onde tudo é público, rápido e altamente interpretável.
Além disso, vivemos num tempo onde a comparação é constante. Vemos casais felizes no Instagram e, de repente, começamos a duvidar da nossa própria relação:
- “Porque é que ele não me publica?“
- “Será que ela fala com o ex?“.
Perguntas comuns que não existiam tão intensamente antes da era digital.
Lista de situações comuns que geram ciúmes modernos:
- Curtidas em fotos de ex;
- Seguir novas pessoas atraentes;
- Mensagens “vistas” e não respondidas;
- Stories misteriosos;
- Emojis ambíguos, tipo coração e fogo.
Ciúmes ontem vs. hoje
| Antes (Anos 90) | Agora (2020+) |
|---|---|
| Sair com amigos sem avisar | Não responder mensagens em tempo real |
| Receber bilhetinhos | Receber DMs inocentes |
| Ficar perto de colegas no trabalho | Comentar nas fotos dos outros |
Mesmo num país como Portugal, onde ainda se valoriza a família e as relações são muitas vezes mais tradicionais, o ciúmes digital entrou pela porta da frente e sentou-se no sofá.
A nova geração já nem sabe como era namorar sem o WhatsApp ou o Instagram. Por isso, o significado de ciúmes também teve que mudar.
Portugal está entre os países onde mais se confia no(a) parceiro(a), mas também é dos que mais espionam o telemóvel do outro!
Mas não é só no WhatsApp que o drama vive. A cultura pop também tem dado uma ajudinha para que o ciúmes continue a ser tema quente.
A cultura pop e o ciúmes
Sim, a cultura pop tem uma grande responsabilidade em manter o ciúmes vivo e activo. Séries, filmes e músicas estão cheios de histórias em que o ciúmes é mostrado como uma prova de amor.
Em alta entre os leitores:
Quem nunca viu um personagem fazer uma “loucura” por ciúmes e pensou: “Isto é que é amar“?
Zendaya é um exemplo brilhante deste fenómeno. Nos seus papéis mais marcantes, como em “Euphoria” ou no filme “Malcolm & Marie” (disponível na Netflix), ela mergulha em relações intensas, carregadas de inseguranças, paixão e, claro, ciúmes.
Zendaya, mesmo fora do ecrã, é constantemente alvo de rumores de ciúmes nos media. O seu relacionamento com Tom Holland é vigiado ao pormenor, e cada gesto ou ausência vira manchete!
Este último é um autêntico campo de batalha emocional entre um casal, onde o ciúmes é o catalisador de conversas explosivas.
Quando o público consome este tipo de narrativa, acaba por normalizar comportamentos que na vida real podem ser bem complicados. E o mais curioso é que muita gente vê estes filmes e pensa: “Se não tem drama, não é amor“.
O problema é que essa ideia cola e depois repete-se no quotidiano.
Filme bom que retrata o ciúmes:
- “Malcolm & Marie” (Netflix): Um drama de uma noite com discussões realistas sobre ciúmes, validação e ressentimentos.
- “Revolutionary Road” (Prime Video): Um olhar cru sobre os conflitos conjugais e a tensão emocional num casamento aparentemente ideal.
Elementos comuns do ciúmes na cultura pop:
| Gestos extremos de amor | Romantiza o comportamento obsessivo |
| Ciúmes como sinal de paixão | Refuerza a ideia de posse |
| Silêncios ténicos (“ghosting”) | Gera ansiedade e alimenta o drama |
Se até os famosos vivem esse turbilhão, como não há-de viver o casal de Santa Maria da Feira ou de Albufeira? Mas será que todo ciúmes é mau? Ou há uma diferença entre o ciúmes normal e o ciúmes que estraga tudo?
Ciúmes saudável vs ciúmes tóxico
Sim, existe uma diferença clara entre o ciúmes saudável e o ciúmes tóxico:
- O primeiro pode até ser um sinal de cuidado e ligação emocional;
- Já o segundo… é veneno puro! Ele entra devagarinho e, quando damos por isso, já estamos a controlar o telemóvel do(a) parceiro(a), a proibir amizades e a viver em stress constante.
O ciúmes saudável aparece como uma pequena dúvida, mas que logo se resolve com conversa. É aquele friozinho na barriga que passa quando ouvimos uma explicação.
Já o tóxico transforma-se numa obsessão, num ciclo de desconfiança que corrói tudo à volta. E pior: muitas vezes vem disfarçado de “prova de amor”.
É importante perceber que nem todo desconforto é sinal de ciúmes mau. Às vezes sentimos algo porque precisamos de segurança emocional. Mas quando começamos a culpar o outro por tudo o que sentimos, aí sim, o bicho já está fora da jaula.
Em 2022, o SOS Voz Amiga recebeu um aumento de chamadas ligadas a relações abusivas com origem em ciúmes excessivo. Um dos sinais mais comuns? “Ele não me deixa sair sozinha.“
Em Portugal, onde muitas relações ainda são marcadas por alguma rigidez tradicional, este ciúmes pode ser facilmente justificado com frases do tipo: “Mas eu só quero proteger-te“.
Intensidade emocional x Consequências do ciúmes
| Intensidade | Saudável | Tóxico |
| Baixa | Leve insegurança | Irritação constante |
| Média | Conversas abertas | Pressões e acusações |
| Alta | Reforço do compromisso | Controlo e isolamento |
Portanto, se te apanhas a pensar “Será que estou a exagerar?“, talvez estejas mesmo.
Perguntas frequentes
- O que é o ciúmes, afinal?
É uma resposta emocional a uma ameaça (real ou imaginada) ao vínculo que temos com alguém que amamos. - Sentir ciúmes é normal?
Sim, é uma emoção comum. O problema é quando ela domina a relação ou se torna obsessiva. - Ciúmes é sinal de amor?
Até pode parecer, mas amor de verdade baseia-se em confiança, não em posse. - É ciúmes se me incomodar que o meu namorado siga raparigas no Instagram?
Depende. Se isso afeta a tua paz, é bom conversar com ele e entender os teus próprios limites. - Como saber se o ciúmes está a tornar-se tóxico?
Se começas a controlar, investigar ou proibir, já estás a passar da linha. - É errado pedir para a pessoa deixar de seguir alguém?
Não é errado comunicar o que sentes, mas impor nunca é solução. O ideal é chegar a um acordo. - É possível não sentir ciúmes nenhum?
Algumas pessoas quase não sentem, mas a maioria sente em algum grau. A chave está no equilíbrio. - O que fazer quando sinto ciúmes mas não quero parecer inseguro(a)?
Partilha o que sentes de forma tranquila. Mostrar vulnerabilidade não é fraqueza. - Ver o telemóvel do parceiro sem ele saber é traição?
É uma invasão de privacidade. Se há desconfiança, é melhor conversar que espiar. - Redes sociais causam mais ciúmes hoje em dia?
Sim, porque mostram a vida dos outros de forma idealizada, o que alimenta inseguranças. - Ciúmes pode ser sinal de baixa autoestima?
Muitas vezes sim. A pessoa sente que não é “boa o suficiente” e projecta isso no parceiro. - Como parar de sentir ciúmes?
Não dá para “parar”, mas dá para aprender a lidar com ele com diálogo, terapia e autoconhecimento. - Posso amar alguém e mesmo assim sentir ciúmes de outra pessoa?
Claro. Amor não anula o medo de perder, mas o importante é como se lida com esse medo. - Ficar calado(a) é melhor que falar sobre o ciúmes?
Guardar sentimentos só faz crescer o monstro. Falar alivia e evita mal-entendidos. - Um pouco de ciúmes apimenta a relação?
Pode até trazer emoção, mas cuidado para não jogar sal demais — o prato pode ficar intragável!

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